Em seminário internacional
sobre política de drogas, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB)
afirmou que, no Brasil, negros e pobres são presos, mesmo quando portam
pequenas quantidades de droga, o que não acontece com brancos de classe média
ou alta.
No
Brasil, a probabilidade de ir preso aumenta muito se for pobre, negro e mulher,
incluindo se estiver com pouca droga. A polícia diz que é tráfico. Há um
preconceito muito grande. Se for uma pessoa com ‘aparenciazinha’ melhor,
passa”, afirmou Fernando Henrique no evento organizado pelas Fundações
Sociedades Abertas, do empresário e investidor húngaro-americano George Soros.
“Estamos na mão da discricionariedade da polícia”, completou.
No
seminário, no Rio, o ex-presidente criticou o governo federal por não
participar de forma efetiva da discussão sobre nova política de drogas, com
menos repressão e mais ações de redução de danos e atenção aos dependentes. Ele
reconheceu que não há ambiente no Congresso para discutir temas como a
descriminalização das drogas. “É preciso primeiro mudar a cultura e depois
mudar a lei”, disse. Para Fernando Henrique, a resistência à discussão “não é
conservadorismo, é atraso”.
“Descriminalização
é um ato de civilidade. O usuário não pode ser posto na cadeia. Às vezes, pode
ser aconselhado a ir a um dispensário médico, se não for o caso de uso por
recreação. Outra coisa é o contrabandista. A descriminalização não legaliza
automaticamente”, afirmou o ex-presidente.
No
seminário, George Soros perguntou ao ex-presidente “por que o Brasil está
ausente desta discussão global e atrás de outros países da América Latina?”.
Fernando Henrique respondeu que, “no caso do Brasil, o governo atual
aparentemente não tem sensibilidade em relação às drogas”. Ele disse ter ouvido
da presidenta Dilma Rousseff que “é viável” o Brasil participar do debate sobre
mudanças nas leis e caminhos para a descriminalização do uso de drogas.
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